Apologia do Octacórdio Contemporâneo
(Guitarra ou Violão de Oito Cordas)
​Resumo
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O Octacórdio contemporâneo, ou guitarra de 8 cordas geralmente afinada co-mo a de 6 cordas no tocante às seis primeiras4, com a 7ª corda em Ré1, a 8ª corda em Dó1 e todas as cordas sobre o braço da guitarra5, representa um pon-to de equilíbrio entre as guitarras de 6 cordas e as guitarras de 10 cordas.
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Com uma extensão mínima de quatro oitavas (Dó1 a Dó5 nos modelos de 20 trastes), extensão essa ultrapassada na maior parte dos modelos actuais de 22, 23 ou mesmo 24 trastes que chegam ao Ré5, Ré#5 ou Mi5 respectivamente6, nela se pode tocar um vastíssimo reportório de todos os tempos incluindo mú-sica de todos os géneros e estilos, a solo ou em variadíssimos conjuntos de câmara.
Através deste Octacórdio7 podemos aceder a quase todo o reportório de «Gui-tarra» ou «Violão» de seis, sete e mais cordas, «Vihuela» de 6 e 7 ordens, grande parte do reportório de «Alaúde» e «Teorba» ou «Chitarrone», além do escrito para o próprio instrumento.
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Este Octacórdio apresenta também uma muito maior versatilidade, mais alar-gado leque de soluções harmónicas, na realização do baixo cifrado, na transcri-ção de obras escritas para outros instrumentos, na redução de obras para con-juntos instrumentais ou vocais e ainda na improvisação.8
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Com as referidas afinações, o «Octacórdio Contemporâneo» apresenta, entre outras, as seguintes vantagens:
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Uma gama completa de notas, desde o Sol0, (uma 8ª inferior ao Sol1 da 6ª corda), até ao Ré5 ou Mi5, duas 8ªs superioras ao Mi3 da 1ª corda solta.
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É possível, por exemplo, tocar quase todo o repertório russo e brasileiro para guitarras de 7 cordas, do guitarrista húngaro Johann Kaspar Mertz (1806 – 1856) para guitarra de 10 cordas ou do espanhol Antonio Gimenez Manjón (1866 – 1919) para guitarra de 11 cordas.9
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É possível tocar, a partir dos originais, boa parte do repertório para Alaúde Renascença e para Alaúde Barroco de 8 Ordens.
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É possível tocar, além da totalidade do reportório na afinação corrente, quase todas as obras que na guitarra de 6 cordas exigem mudança na afina-ção da 6ª corda de Mi1 para Ré1 evitando essa alteração, o que na maior parte dos casos se traduz não só na já referida comodidade e maior estabi-lidade na afinação, mas ainda em maior facilidade de execução e melhor equilíbrio da sonoridade em virtude do reforço, em quantidade e qualidade, dos harmónicos.
De referir ainda os octacórdios a que tivemos acesso directo e prolongado com a possibilidade de neles executar reportório diverso:
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José Ramirez: 1984, com tiro de 664mm e 20 trastes.
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René Baarslag: 1999, com tiro de 650mm e 24 trastes.
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Jorge Ulisses: 2001, com tiro de 652mm e 20 trastes.
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António Pinto Carvalho: (2011), com tiro de 650mm e 22 trastes.
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António Pinto Carvalho: (2022), com tiro de 640mm e 23 trastes.

Octacórdio de 2004 construÃdo por Óscar Cardoso para Miguel Carvalhinho

Octacórdio construÃdo por Paulo Vaz de Carvalho, ()- tiro de 634mm; 20 trastes

Octacórdio de René Baarslag, (1999)- tiro de 650mm; 24 trastes.

Octacórdio de 2004 construÃdo por Óscar Cardoso para Miguel Carvalhinho